sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Bruna Vieira lança o livro: "Depois dos 15"

http://oglobo.globo.com/in/6909028-f13-db1/FT500A/Bruna.jpg ‘Quero que meus textos sirvam como solução para as meninas que estão passando por problemas’, diz autora




RIO - O fim de um namoro pode ser um pesadelo, o início de um longo período de baixo astral. Como qualquer adolescente, a mineira Bruna Vieira também passou por isso, aos 15 anos. Mas, em vez de se trancar no quarto e chorar por meses, a menina tímida resolveu criar o blog “Depois dos quinze”, em 2009. Lá, começou a escrever textos para desabafar sobre o que estava sentindo. O tempo passou e hoje, aos 18 anos, Bruna é responsável por um blog com 8 milhões de visualizações e por uma coluna na revista “Capricho”. Ela ainda acaba de lançar o livro “Depois dos quinze - Quando tudo começou a mudar” (Editora Gutenberg), uma coletânea de textos de seu blog, publicados entre os anos de 2010 e 2012.
Como seus pais reagiram às mudanças que o blog e a literatura vem causando na sua vida?
Bruna Vieira: No começo, minha mãe pedia para eu sair do computador. Ela não gostava da internet, dizia que “esse negócio de internet é tudo furado” (risos). Mas ela começou a ver que meu blog estava crescendo, que era coisa séria, que estava me abrindo portas. Quando enviei meu livro para a minha mãe, ela disse que não conseguia ler porque sempre chorava. Ela também sofreu quando jovem, porque tinha estrabismo, como eu.
Você é mineira. Com o sucesso do blog “Depois dos quinze”, se mudou para São Paulo. Como foi essa transição de uma cidade do interior de Minas para a maior metrópole do país?
Eu morava no interior, em Leopoldina, mas vivia na internet o dia inteiro. Naquela época, eu já conversava com várias pessoas de São Paulo. Quando eu estava de mudança, já tinha mais amigos de lá do que na minha cidade. Mesmo assim, o primeiro mês foi difícil, claro. Eu ia no supermercado só para conversar com as pessoas, porque me sentia sozinha. Sentia muita falta dos meus pais, que ficaram em Leopoldina. Mas logo me acostumei.
Em uma enquete lançada pela revista “Capricho”, em 2012, você foi eleita “a adolescente brasileira mais influente em moda, comportamento e internet”. Essa premiação de alguma forma influenciou sua maneira de escrever?
Mudou, sim. Sinto que sirvo de inspiração para minhas leitoras. O tempo inteiro recebo mensagens de meninas dizendo que o blog mudou alguma coisa na vida delas. Lá no blog, conto que sofri bullying na escola e como superei isso. Ontem, recebi um email de uma mãe cuja filha é especial. Ela disse que a filha sofre muito por se sentir diferente das outras pessoas, mas que consegue se acalmar quando lê o blog. A mãe me escreveu agradecendo e pedindo para eu dar parabéns para a filha, no blog, porque o aniversário dela foi no último dia 29.
O livro “Depois dos quinze” traz uma coletânea de textos do blog, mas oferece textos novos também. Em relação às novidades, o que você pode adiantar?
No blog, escrevo histórias divididas em partes. Mas algumas eu não termino. As meninas me escrevem pedindo para eu continuar, mas há dias em que quero falar de outras coisas. Então o livro vai trazer essas histórias completas. Tem uma que não tem no blog, inclusive. É a história de dois pais que se separam. Está dividida em quatro partes: o ponto de vista da mãe, do pai, da amante do pai e da filha. A ideia é mostrar o lado de cada um, que ninguém é só mal ou bom. Quis ajudar as meninas que estão passando por isso, para elas entenderem essa situação.
Antes de estourar com o blog, você se formou técnica em informática industrial. Naquela época, o que você se imaginava fazendo profissionalmente?
Eu tive que fazer colégio técnico porque era gratuito. Na época, meu irmão queria estudar em outra cidade, mas meus pais não tinham condição de bancar a mudança e minha escola. Então tive que ir para o CEFET. Como eu passava o dia inteiro no computador, resolvi fazer informática. E foi muito bom para mim. Diferente das escolas particulares, lá não tem regra para tudo: hora para beber água, hora para sair da sala. E é muito mais difícil sobreviver sem regras. Muita gente não consegue conviver com isso. Eu acabei aprendendo a criar minha própria disciplina. Pretendo levar isso para a vida toda.
Você pretende continuar escrevendo para o público adolescente?
Sim, pretendo. Mas, sem querer, acabo atingindo outros públicos também. Muita gente ainda carrega a adolescência dentro de si. Se uma mulher de 30, 35 anos, ler meus textos, vai se identificar também. Ainda mais porque uso uma linguagem simples, sem ser “bobinha”. Só que abordo situações de vida que geralmente as pessoas passam na adolescência, como insegurança, bullying. O que quero é que meus textos sirvam como solução para as meninas que estão passando por problemas nessa fase da vida, que é muito intensa.
Em quais personalidades você se espelha?
Como blogueira, sempre me inspirei na Lia Camargo, do blog “Just Lia”. Ela sempre foi muito simples, carinhosa. Eu pensava: “Se um dia for uma grande blogueira, quero ser parecida com ela”. Hoje, a gente é amiga, saímos juntas em São Paulo. De moda, gosto muito da Katy Perry, que se veste de um jeito divertido. Ela consegue mostrar a personalidade se vestindo: não copia o que está na revista. Acho isso muito legal. E minha mãe, claro, uma pessoa do interior, muito simples.
Você criou o blog para desabafar após uma decepção amorosa. Você ainda mantém contato com esse ex-namorado?
Ele nem era meu namorado. Eu o conheci na internet, e a gente conversava muito. A gente ficou numa festa. Depois, do nada, ele me deletou do Orkut (era Orkut na época). Fiquei muito triste. Por isso, criei o blog para desabafar. Eu estava apaixonada por ele, mas ele não queria assumir compromisso. Isso é normal, acontece. Se ele for no lançamento em Leopoldina, vou recebê-lo normalmente. Eu só tenho que agradecer a ele. Faria até uma dedicatória especial no livro para ele (risos).
  
Créditos: Globo
Reportagem por: Gustavo Rocha 




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